tag:blogger.com,1999:blog-88882069829454711282024-02-20T21:07:52.851-03:00obsolescências e devaneiosguihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.comBlogger53125tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-54045633650962801362012-10-03T23:08:00.000-03:002012-10-03T23:08:21.248-03:00o fantasma que tinha memória fraca e por isso não conseguia lembrar qual poderia ser o assunto mal resolvido que teria para estar habitando em forma de espírito o mundo dos vivos<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<br />
<span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 11.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">condenado a passar a eternidade carregando a culpa em seus ombros espectrais
sem saber que o problema era ele mesmo.</span>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-13482783425713029362012-09-14T13:37:00.000-03:002012-09-14T13:37:24.315-03:00o ninho<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">eu ouço os</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">pássaros</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">cantando lá fora. mas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">eles não tem sentido pra</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">mim.
eu</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">já vi o</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">mundo </span>acabar.</div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">é triste ser um sobrevivente.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">caminhos tortuosos e
egoístas</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">parecem sempre</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">mais fáceis. mas eu não aguento</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">isso.</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">queria que eles
voltassem</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">aos seus ninhos</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">e ficassem</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span lang="pt">quietos.</span></div>
<div class="MsoNormal">
não consigo ouvi-los e não pirar.</div>
<div class="MsoNormal">
reconheço toda</div>
<div class="MsoNormal">
a beleza que</div>
<div class="MsoNormal">
existe ali e não</div>
<div class="MsoNormal">
me importo, porque a</div>
<div class="MsoNormal">
beleza morreu</div>
<div class="MsoNormal">
pra mim. acho que</div>
<div class="MsoNormal">
ainda falta que eu vá junto.</div>
guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-29707137963149906802012-07-17T13:36:00.002-03:002012-08-07T03:42:18.109-03:00o mar<br />
<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
as ondas estavam calmas e eu fiquei ali admirando a água ir e vir. fiquei pensando nas coisas que deixei em curitiba e nas pessoas, que estavam cada uma em lugar, que não minha cidade, nem onde eu estava. todas elas fazendo algo provavelmente bom. talvez nem lembrando que eu existo. mas eu pensava nelas constantemente.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
mesmo bebendo e falando besteiras, a imagem de seus corpos juntos ao meu rondava minha mente. primeiro uma de cada vez. analisei individualmente suas características. algumas são melhores que outras em certos atributos. seios, habilidade no boquete, facilidade em se excitar, o som dos gemidos, além de compatibilidade de suas personalidades com a minha, interesse no que eu tenho pra dizer e em ouvi-las contar suas vidas e algum passado que possamos ter em comum. são, de certa forma, bem diferentes entre si, mas todas fazem parte de mim.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
então as imaginei juntas. tentei criar uma grande deusa sexual, pegando um pouco de cada uma e montando minha imagem de perfeição. dei um jeito de ignorar suas necessidades e passei a ser egocêntrico. imaginei apenas o meu prazer. somente a maneira como estavam ali para me satisfazer. e vi que não estava funcionando.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
eu precisava estar ali pra elas tanto quanto elas pra mim. deitei na areia e comecei a apenas escutar o barulho do mar enquanto via o céu que estava particularmente cinza, mas não ameaçava chover ainda. nessa hora começou a dar certo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
estando ali pra elas eu me excitei. queria explorar cada centímetro de seus corpos, lembrando de minhas experiências com elas e sabendo do que gostavam. estávamos ligados — apenas dentro da minha cabeça. queria que pelo menos uma delas estivesse ali.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
uma garrafa não consegue ser tão importante pra mim quanto qualquer uma dessas mulheres. porém uma bebida teria, de fato, me ajudado. só que preferi me embriagar apenas com o cheiro de sal e brisa e poluição que essa praia tinha. precisava de alguém. quis entrar na água e nadar um pouco. não era capaz de me enterrar sozinho na areia pra me fazer sentir completamente imerso em algo. andei devagar em direção ao mar e a cada onda tinha um aspecto único que me remetia a uma delas. ao ponto que elas quebravam e atingiam meu corpo, eu transformava sua respectiva força em sexo. em companhia.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
não tirei minhas roupas. queria sentir o peso aumentando sobre meus ombros a medida que iam se encharcando. mergulhei e me entreguei de corpo e alma àquela sensação. me completei com as algas e a sujeira dali. prendi minha respiração escapando das memórias. fiquei concentrado apenas em sobreviver à força da natureza. abri os olhos, com os pulmões ainda cheios de ar, e eles arderam e eu não estava nem aí. nadei alguns instantes que me cansaram, de um modo que subi para respirar antes do que havia planejado. mais uma vez eu era derrotado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
decidi ficar nu. as peças de roupa estavam grudadas ao meu corpo e a medida que eu as arrancava sentia que com elas minha pele saía junto. sentia que eu era sugado pela pressão d’água que não queria que eu me livrasse delas. mas eu estava determinado. minha dor aumentava em todo o corpo. mergulhei novamente para tirar as roupas. usei minha força para rasgar os tecidos e acabei me arranhando junto. o grito era abafado por milhões de litros de água podre que eu misturava com meu próprio sangue. o sal entrava nas feridas e ardia, queimava meus músculos e abria novas cicatrizes.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
quando terminei de me despir, não me senti nu. tudo ao meu redor tinha se tornado parte de mim. cada gota daquele mar era uma dessas mulheres. e eu estava cercado por todas elas. pensei que nunca mais sentiria nada parecido com solidão na vida.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
o céu abriu e o sol apareceu tão forte que a água esquentou rapidamente. comigo ali dentro, senti que passei a cozinhar, mas o calor era tanto que, mais rápido do que a morte, que me era certa, foi como a água evaporou e formou novas nuvens. o mar onde eu estava secou, criando uma faixa de areia que tinha léguas de raio de onde eu estava. tudo virou deserto e me vi outra vez sozinho. minhas roupas não existiam mais e um frio tomou conta do ambiente enquanto começava a anoitecer.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
corri para o lado que o sol se punha, tinha de voltar pra casa. não poderia estar muito longe. fui correndo desesperado, o cansaço doendo em cada músculo e cada cicatriz de meu corpo cortado por minhas próprias unhas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
começou a chover. com uma força que nunca tinha imaginado possível. eu corria o mais rápido que podia, e o mar voltava a se encher. sentia que parte da chuva era minha pele que tinha evaporado. não queria me afogar naquilo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
vi que alguém estava deitado na areia a alguns metros. fui ansioso ao seu encontro apenas para confirmar que era eu mesmo. desacordado e nu, envolto em sujeira e sangue e areia. o mar terminou de encher e as ondas faziam outra vez o mesmo barulho de antes. sentei ao meu lado preocupado com meu bem estar e me bati com toda a força que tinha. me gritei aos ouvidos que acordasse. disse o nome de todas aquelas mulheres e notei que houve alguma reação.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
ao abrir os olhos, virei um só novamente. olhei para o céu cinza e minhas roupas intactas. queria alguém comigo. tomei a decisão de ficar pelado e esperar uma mulher passar. assim que passasse, lhe convidaria pra um mergulho, sem medo do frio e sem medo da morte. e, com sorte, muita vontade de contato humano.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-11798816263766177612012-07-05T22:31:00.001-03:002012-07-07T12:43:01.420-03:00os ratos<br />
<div align="right" class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
odeio ratos. </div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
são bichos nojentos e feios.
não consigo suportar ter um perto de mim. mas toda vez que sou obrigado a pegar
o último ligeirinho pro terminal do hauer, tenho que inverter o sentido pra
pegar o alimentador, e sempre aparece pelo menos um. saem de baixo das
plataformas dos biarticulados e vêm pegar restos de comida do chão e voltam
correndo pras suas tocas.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
tento evitar ficar encarando.
não ia querer que um chegasse perto. prefiro que eles tenham medo. ainda bem
que nunca nenhum deles desceu as escadas comigo. passo aquele túnel meio
correndo, por causa do horário e por causa dos roedores malditos. é a única
hora em que aceito que estejam a cima de mim. desde que estejamos separados por
um monte de concreto, tudo bem.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
lá pelas dez da noite, o
terminal ainda está cheio. pessoal voltando das aulas, na maioria. então eles
ficam escondidos. muita gente nem deve saber que eles estão lá. animais
pacientes, eu admito. se saíssem antes da hora, algum escandaloso iria chamar
um fiscal da urbs, um segurança, qualquer merda, pra avisar e pedir pra
prefeitura tomar uma providência. eles só saem a noite. e num horário seguro.
posso até considerar a esperteza deles. mas ainda assim os odeio. muito.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
se eu pudesse, acabaria com
todos eles. mas não tenho o empenho de o escandaloso ser eu. se eles não
estiverem no meu campo de vista, foda-se. são só alguns segundos de aleatórias
noites na semana que sou obrigado a lembrar da supérflua existência deles.
sempre quis ter coragem suficiente pra eu mesmo eliminá-los um a um.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
cheguei no hauer
cansado. tinha sido um dia difícil. ainda tinha alguns minutos até meu próximo
ônibus chegar e decidi tomar logo uma atitude. vi o primeiro e fui atrás dele.
ele me percebeu como uma ameaça e se escondeu num buraco da plataforma. não
pensei duas vezes. simplesmente mergulhei e entrei naquela toca. agora eu era
um intruso no mundo deles. mas era um mundo que eu queria que fosse só meu.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
lá dentro vi que ele não
estava sozinho. uma ninhada enorme estava junto dele. todos eles me olhavam com
raiva. não tive medo de nada. reconheci o filho da puta que me fez entrar ali e
me estiquei para agarrá-lo. acho que ele nem acreditou no que estava
acontecendo. quanta audácia desse estrangeiro!, ele deve ter pensado. não me
importa. ele se debateu um pouco, tentou escapar, mas eu o encurralei.
segurei-o com força e o trouxe até a boca. seus gritos eram de pavor. estava
pedindo por ajuda. comecei a sentir que alguns estavam vindo em minha direção.
achei melhor acabar com aquela barulheira. numa só dentada lhe arranquei a
cabeça.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
o berro cessou. mas o ataque,
não. dezenas de ratos me mordiam as pernas, os braços, a barriga. mas nenhum
conseguia chegar perto do meu rosto e sair ileso. era só se aproximar o
suficiente e eu o mordia com toda a minha superioridade física, deixando-o
desmembrado e morto. fui criando uma pilha deles ali embaixo. até que não
restou mais nenhum. me senti satisfeito.</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
no dia seguinte precisei fazer
a mesma rotina. cheguei no terminal e o fedor era insuportável. já era tarde e
chovia. imaginei como aquilo devia estar durante o dia, no sol que fez. acho
que só eu sabia de onde vinha aquilo.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-55502078398023580472012-07-03T01:34:00.000-03:002012-07-03T01:34:03.735-03:00a higiene<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<br />
hoje eu tô me sentindo sujo.<br />
<br />
não é só porque eu<br />
ainda não tomei banho nem<br />
escovei os dentes<br />
sujei a cozinha toda fritando uns bifes<br />
e já bati uma punheta.<br />
<br />
é mais que isso.<br />
<br />
é se olhar no espelho e<br />
não sentir nada além<br />
de nojo.<br />
<br />
repulsa.<br />
<br />
bom saber que<br />
mesmo que o julgado<br />
seja eu, os<br />
sentimentos ainda estão lá.<br />
e eu ainda concordo com<br />
eles.<br />
<br />
faz eu me sentir mais eu mesmo.<br />
que era tão acostumado à uma higiene adequada.<br />
e que agora só consegue perceber<br />
o quão preso está dentro do próprio chiqueiro.guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-51387269205953972172012-06-27T01:56:00.000-03:002012-06-27T01:57:37.130-03:00a confusão<br />
<div align="right" class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
primeiro ela me </div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
diz que precisa ir </div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
embora. eu baixo </div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
a cabeça, digo que</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
entendo. mas então olho</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
em seus</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
olhos</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
e peço por favor, que fique</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
mais um pouco. ela não</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
entende. tento explicar da</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
melhor maneira</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
possível, mas as palavras
sempre</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
saem erradas</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
e</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
eu acabo me explicando</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
demais. ela ri da minha</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
confusão sem perceber</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
que, só por estar</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
me ouvindo, acabou ficando</div>
<div class="MsoNoSpacing" style="text-align: justify;">
um pouco mais.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-38253180250017495412012-06-20T20:10:00.000-03:002012-06-20T20:10:22.776-03:00a beleza<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<br />
pensa naquela gostosa:<br />
<br />
lembre da mulher que<br />
tu<br />
acha a mais bonita<br />
do mundo.<br />
<br />
aqueles olhos,<br />
a boca, os peitos, a buceta.<br />
<br />
imagina a cara dela<br />
quando ela tá gozando.<br />
e que é por tua causa.<br />
<br />
aquelas coxas, a barriga, o pescoço,<br />
a bunda.<br />
<br />
agora<br />
se dê conta que ela<br />
também tem cu. e<br />
caga,<br />
<br />
como todos nós.guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-14039084183352691952012-06-16T20:25:00.000-03:002012-06-16T20:25:27.036-03:00a luz<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<br />
a gente costumava<br />
comprar bebidas e ir<br />
no terraço<br />
do mercado<br />
sentar, beber e conversar.<br />
<br />
muitas vezes até escurecer.<br />
<br />
então um refletor<br />
era ligado e ficava<br />
bem na nossa direção.<br />
<br />
ele ia<br />
acendendo aos poucos<br />
<br />
e<br />
quando chegava<br />
na luz máxima<br />
ele simplesmente se apagava.<br />
<br />
todo mundo via<br />
que alguma coisa<br />
tinha mudado,<br />
mas depois de ver<br />
que era só<br />
<i>isso</i>,<br />
voltávamos pro papo.<br />
<br />
sem que percebêssemos,<br />
acontecia a mesma coisa.<br />
de novo<br />
e de novo.<br />
<br />
ninguém notava quando a luz<br />
tava aumentando,<br />
só quando ela apagava.guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-80003639894340229192012-05-25T14:55:00.000-03:002012-05-25T14:55:59.308-03:00o oráculo<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<br />
tô precisando disso.<br />
de absurdo.<br />
chega dessa coisa normal.<br />
cansei de previsões, de<br />
conselhos, da porcaria do i-ching.<br />
<br />
nada disso vai me<br />
dar o que<br />
eu quero.<br />
<br />
eu preciso.<br />
<br />
quero sentir meu sangue<br />
jorrar. mas não quero que seja dentro<br />
de mim. quero que ele<br />
saia. quero poder ver se<br />
ele é mesmo vermelho.<br />
quero dizer que valeu<br />
a pena deixar<br />
tudo isso rolar.<br />
<br />
quero respirar fumaça<br />
quero beber até passar mal<br />
quero me perder no caminho pra casa<br />
<br />
vou pegar o ônibus errado<br />
e ir parar na puta<br />
que o pariu e<br />
voltar de lá a pé,<br />
passando nos lugares mais fodas<br />
sem medo de nada.<br />
<br />
quem sabe assim as<br />
coisas não saem<br />
um pouco do padrão.<br />
<br />
e quero ir sozinho.<br />
chega de ajuda.<br />
deixa eu me fuder, porra!<br />
<br />
não é de hoje. eu sei. tu sabe.<br />
é só aceitar.guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-86013735932376853562012-05-18T00:57:00.003-03:002012-05-18T00:57:33.064-03:00o céu<div style="text-align: right;">
<i>por guilherme bernardes</i></div>
<div>
<br /></div>
<div>
deitar</div>
<div>
na grama e ficar ali</div>
<div>
olhando o céu</div>
<div>
até sentir medo de</div>
<div>
cair pra</div>
<div>
cima</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-31067669998365225982012-02-29T13:12:00.004-03:002012-02-29T13:17:40.862-03:00o bocejo<div style="text-align: right;"><i style="font-size: 100%; ">por guilherme bernardes</i></div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">o primeiro bocejo</div><div style="font-style: normal; ">surge e tudo que</div><div style="font-style: normal; ">consigo pensar é em te</div><div style="font-style: normal; ">ter ao meu lado</div><div style="font-style: normal; ">e dividir a cama contigo</div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">deixar a tv num filme</div><div style="font-style: normal; ">antigo fazendo</div><div style="font-style: normal; ">barulho</div><div style="font-style: normal; ">enquanto a gente</div><div style="font-style: normal; ">conversa sobre qualquer</div><div style="font-style: normal; ">coisa, olhando fundo</div><div style="font-style: normal; ">nos olhos e na boca e na alma</div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">braços envolvendo</div><div style="font-style: normal; ">corpos</div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">e tudo que acontece</div><div style="font-style: normal; ">é natural</div><div style="font-style: normal; ">é necessário para</div><div style="font-style: normal; ">o continuar de nossas</div><div style="font-style: normal; ">vidas</div><div style="font-style: normal; ">naquele momento e tomamos</div><div style="font-style: normal; ">consciência disso</div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">a tv desliga e ficam</div><div style="font-style: normal; ">apenas os ruídos</div><div style="font-style: normal; ">de nossos pulmões trabalhando</div><div style="font-style: normal; ">e corações</div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">batendo</div><div style="font-style: normal; "><br /></div><div style="font-style: normal; ">até a hora do sono</div><div style="font-style: normal; ">e o sonho</div><div style="font-style: normal; ">ser compartilhado e no</div><div style="font-style: normal; ">dia seguinte</div><div style="font-style: normal; ">esperar que agora</div><div style="font-style: normal; ">seja a hora desse</div><div style="font-style: normal; ">momento ser real</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-48749275300939373732012-01-02T00:55:00.000-03:002012-01-02T00:56:28.814-03:00o calor<div style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></div><div><br /></div><div>tiro teus óculos</div><div>e você não vê mais do</div><div>mesmo jeito.</div><div>agora sua visão é o tato.</div><div>e você sente meu corpo</div><div>te protegendo e te</div><div>fazendo bem.</div><div>sem roupas para que</div><div>o calor</div><div>se transmita melhor</div><div>e deixe uma marca eterna</div><div>por dentro e por fora.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-34560179582774766252011-12-19T22:05:00.004-03:002011-12-19T22:26:56.276-03:00o espectador<div style="text-align: justify;"><div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">por guilherme bernardes</span><br /></div><br />eu esperava por tragédias. ansiava por poder ver aquele momento em que a vida fica pendurada por um fio. a cada estrondo diferente imaginava uma explosão, um tiro, uma batida de trânsito, qualquer coisa. alguém, nesse instante, tinha que estar prestes a morrer.<br /><br />parei então de cuidar da minha própria vida. comecei a ficar atento a qualquer movimento alheio. torcia para que o pedestre tropeçasse ao atravessar a rua correndo enquanto os carros vinham em alta velocidade e, alí caído, fosse impossível de desviar. assim eu veria o choque e os miólos se espalhando.<br /><br />passava em frente aos bares a fim de encontrar os bêbados nervosos em busca de confusão. por sorte, um dia consegui ver um deles ser atingido por uma garrafa bem na cabeça. admirei o vidro se estilhaçando e abrindo um corte profundo. o homem desmaiou quase que instantaneamente ao golpe. seu amigo, logo ao lado, tinha consigo uma faca, a sacou e, sem exitar, enfiou-a na barriga do outro. nisso, alguém vem de fora com uma arma e atira na cabeça do esfaqueador. pra mim isso não era assustador. era um deleite.<br /><br />o sentido da minha vida só existia quando a vida dos outros, teoricamente tão frágeis quanto a minha, estava em perigo. havia beleza no olhar dos moribundos. havia beleza naquele duelo entre a vida e a morte que ocorria bem em minha frente. eu era sempre um espectador agradecido pelo espetáculo.<br /><br />um dia, de tão distraído esperando um desastre, não vi o biarticulado que vinha correndo e me acertou em cheio, me matando quase que na hora. a última imagem que levei daqui foi um sorriso de satisfação no rosto de um desconhecido no exato momento em que fui atropelado.<br /></div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-6442159389331737082011-12-18T13:54:00.000-03:002011-12-18T13:55:02.504-03:00o susto<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">por guilherme bernardes</span><br /></div><br />acordou assustado.<br />olhou pro lado<br />e<br />não viu ninguém.<br />levantou com pressa<br />e foi procurá-la.<br /><br />não atendeu.<br /><br />se entristeceu<br />e voltou<br />para seu quarto<br /><br />quando vê<br />no chão um bilhete.<br /><br />uma despedida simples<br />a qual ele lamenta não poder<br />ter visto, só<br />lido, e deita.<br /><br />ela liga.<br /><br />conversam e fica tudo<br />bem. ela esteve ali<br />o máximo que pode.<br />tomou conta dele.<br /><br />felicidade é tê-la.<br />existência significante<br />encontra seu sentido na<br />variável de poder<br />chamá-la sua.guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-63251620359558589352011-11-19T17:24:00.001-03:002011-11-19T17:26:52.953-03:00a cara<div style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></div><div><br /></div><div>ele tinha cara de joão.</div><div>só que ele</div><div>não chamava joão.</div><div><br /></div><div>era estrangeiro.</div><div><br /></div><div>tinha um</div><div>nome esquisito,</div><div>difícil de</div><div>pronunciar.</div><div><br /></div><div>talvez quando nasceu tivesse</div><div>cara de alguém com o</div><div>nome que</div><div>lhe deram,</div><div><br /></div><div>mas hoje ele tem outra cara,</div><div>outra vida.</div><div><br /></div><div>só falta um outro nome.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-9791101700716961942011-11-12T14:37:00.004-03:002011-12-04T15:22:16.945-03:00o telefone toca:<div style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">não tô bem. o que rolou? não sei... alguma coisa. me conta, quem sabe eu te ajudo. acho que ninguém pode me ajudar de verdade. e eu acho que você não devia dizer isso, a gente pode achar coisas bem diferentes, viu? vi...mas é que não é assim tão simples, sabe... ainda mais por em palavras, que nunca foram meu forte. eu sei, bom mesmo seria estar vendo seus olhos, eles nunca mentiram pra mim, e eu sempre achei isso ótimo, foi isso que segurou a gente por tanto tempo. quem sabe se eu aparecesse aí, tomasse alguma coisa, você veria meus olhos, eu até tentaria falar mesmo assim, mas pode poupar trabalho de nós dois, e ainda dava pra me animar. hoje não dá, vai ter que ser por telefone, mesmo. como assim? desculpa, mas agora não tem como você pintar aqui. tem gente aí, né... deve ter alguma pessoa deitada na nossa cama, dormindo enquanto você atende o telefone na sacada... eu sei, tô sentindo. não entra nessa, por favor... a gente tá tão bem assim, vamos manter tudo numa boa, como a gente tinha combinado... é melhor pros dois. eu discordo... é melhor pra você que tá bem... eu tô numa pior e tô querendo é chutar o balde... mandar tudo pra puta que o pariu, ser extremista, oito ou oitenta, tudo ou nada... é isso que eu quero de ti agora: amor ou ódio. não dá pra ser tão simples assim... a vida não é feita de duas escolhas o tempo todo... vamos nos encontrar amanhã, a gente conversa isso melhor, com mais calma, olhando nos olhos, acho que a gente tá até precisando pra pararmos com essas dependências que a gente criou... tá na hora do desapego, é triste, mas essa hora chega. considerei esse discursinho todo como uma grande enrolação pra dizer que escolheu ódio. não foi isso que eu disse, porra...não distorce minhas palavras! ih, olha só, tá se exaltando... quer mais prova que isso... tudo bem... quem sabe isso me ajuda a concretizar teu tão sonhado desapego. olha, escuta bem... eu não preciso disso, não mais... a gente terminou justamente porque nenhum dos dois tava mais aguentando isso. mentira! verdade, e você sabe... você quis terminar muitas vezes antes de mim, chegou a fazer... e agora vem com isso? tem razão... a gente se esgotou. é o que tô tentando dizer. sabe... eu não tava mal de verdade... eu só tava com vontade de discutir, lembrar dessa época, porque sabia que no fim a gente ia acabar calmos de volta e eu ia dormir sem preocupações. haha... entendo... pior que eu também gostei... vou deitar deitar de cabeça leve. boa noite pra ti, te cuida. tu também... se precisar de alguma coisa liga. pode deixar, beijo. beijo.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-13611789371923387092011-10-30T15:29:00.004-03:002011-10-30T19:05:20.041-03:00o dia do junkie<div style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">fazia já uma ou duas semanas que eu tinha dispensado a samanta. tive que ouvir alguns sermões de amigos de como eu tinha sido um babaca e tudo mais. outros não se importavam e riam comigo da situação toda. eu soube por outras pessoas que ela estava sofrendo, mas eu não poderia fazer nada. certeza que ela sofreu bem menos tendo sido largada antes do que ela queria. a gente tentou continuar amigos, pra não separar a galera. já era verão, saíamos pra encher a cara quase todos os dias.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">saí da psicóloga que minha mãe me fazia ir porque eu estava bebendo, andei uns seis quilômetros pra chegar na meia praia e encontrar os amigos e fomos logo comprar as bebidas. acabou sendo uma big apple. a gente tava apaixonado por esse troço. depois que acabou pegamos uma joinville de maracujá. era o que a gente mais tinha bebido naquele ano que passara. era no mínimo uma por ensaio todo domingo. eu e o magrão fomos os únicos que bebemos de verdade. ficamos muito loucos. o ricardo e o leonardo deram só uns goles. a gabi tava lá com a samanta que também deu uns goles. mas pra ela já foi o suficiente pra ficar bem fora de si.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">a gente se achava o máximo por beber tanto mas ainda aguentar e ficou rindo de como ela era fraca. sei lá se ela tentou beber porque estava sofrendo. é capaz. ela não se aguentava em pé. tava feia, a coisa. eu tentei ajudá-la, mas ao sentir minha mão encostando nela não exitou e me deu um tapa na cara.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">foi um belo tapa. todo mundo se espantou. mas ela deve ter sentido aquela força ressentida, aquele ódio, talvez, bem direcionado. com certeza aquilo foi necessário pra ela. pode ter se arrependido depois, mas na hora, a vingança contra o filho da puta que a fez sofrer era mais importante. convenhamos: eu merecia. hoje sei disso. mas logo após aquele tapa, não reagi bem.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">eu fiquei muito puto. não tava acreditando na audácia daquela menina. não me passou pela cabeça revidar, mas eu não tava achando aquilo certo. o magrão me levou pra longe, ela continuava a chorar e a me mandar embora. a gente tava numa viela que dava pra praia. conversei com o magrão quando já estávamos afastados.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- puta que pariu, cara! nunca tento ajudar ninguém, aí quando tento a mina me faz uma coisa dessas?! ah, vai se fuder!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">o magrão realmente não me ajudou tanto nesse dia. ele até me deixou mais puto. hoje acho engraçado. na hora não foi.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- giovanni, a culpa é toda sua. - ele tava tão torto quanto eu, nem sei se sabia o que tava rolando na real. - você não tinha nada que tentar ajudar ela.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">foi uma das vezes que eu mais bebi e uma das poucas que fiquei violento. o leronardo apareceu enquanto eu tava vomitando no lugar que eu tava com o magrão e começou a rir. não cutuque onça com vara curta, porra!</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- tá rindo do que, seu merda?! cala a boca ou eu vou aí e quebro tua cara! - acho que ele continuou rindo, não lembro. foi inconveniente. rir depois, quando se está contando a história é uma coisa, mas rir enquanto o cara tá lá, limpando vômito com a mão, puto da cara, querendo descontar em alguma coisa, não, né?</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">acho que foi o magrão que fez ele sair dali. eu tinha comprado meus óculos tinham recém feito dois meses. pra mim tava tudo igual com ou sem. era embaçado, dobrado, turvo. tirei pra gorfar e pus em algum lugar ali perto. não lembrei de pegar.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">volta e meia eu levantava e olhava como tava a situação lá na praia. a gabi ainda consolava a samanta e o leonardo e o ricardo conversavam. provavelmente como tudo isso tava sendo ridículo. meu pai me ligou dizendo que ia me buscar. eu ia dizer o quê? eu tinha quinze anos ainda. falei onde tava e tentei me recompor até que ele aparecesse. não funcionou. entrei no carro tão embriagado quanto estava na rua. ele ficou puto. falou alguma coisa sobre me por de castigo e eu falei pra ele que isso não serve pra nada, é só uma coisa que os pais fazem pra aumentar o próprio ego e achar que estão educando seus filhos. ah, ele não gostou nada de ouvir isso, também.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">ele tava com a namorada em algum lugar, só os dois. e de certo queriam voltar pra lá. ele me deixou na casa da sogra dele, que não era muito longe dali. minhas irmãs de criação estavam lá. a mais velha tava achando uma estupidez só. a mais nova tava achando ou engraçado ou muito legal essa minha "rebeldia". fiquei lá um tempo morgando no sofá, comendo um sanduíche de atum e dando uma volta de um lado pro outro no quintal da frente. até que tive a ideia de simplesmente me mandar e beber mais um pouco.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">o portão estava, obviamente, trancado. eu ainda tinha dificuldades de me manter em pé, mas decidi arriscar: fui pular o portão. tinham uns apoios na parede, não foi assim tão difícil. engraçado foi ninguém ter notado. comecei a andar pela rua e a ligar pros meus amigos e pedir pra me encontrarem. começou a chover, também. no verão sempre chove depois que escurece.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- ricardo! me encontra em algum lugar, cara! quero beber todas! eu sempre fui um filho muito bonzinho, nunca fiz nada de errado. chega dessa merda! quero ser um problema. e quero que eles se acostumem que é isso que eu sou. porque sabe, né? se você sempre faz tudo certo, quando faz qualquer merdinha, a menor que seja, já vira um escândalo. então o negócio é fazer sempre, que daí só dizem "ah, ele é assim mesmo..."</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">sei lá o que ele me disse. deve ter dito pra eu ir pra casa. é a cara dele falar isso. liguei pro magrão. a chuva foi aumentando. a sensação era aquela mesmo, de estar quebrando as regras por simplesmente estar mostrando quem eu realmente era: o desgraçado que pregava a total falta de sentimentos e que só ligava pra si mesmo que minha família não tinha ideia que eu era.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">o magrão acabou me achando com a roupa encharcada um tempo depois, com o resto do vinho na mochila dele e nossos cigarros. a essa altura já tinham dado conta da minha ausência e avisado meu pai que não parava de me ligar pra perguntar onde eu estava. eu só ignorava. talvez eu tenha percebido a besteira e por isso atendido. não falei direito, quem falou foi o magrão. ele que contou onde a gente tava. meu pai chegou e tentou falar comigo e eu não dei muita bola. foi perguntar pro magrão o que tinha acontecido. enquanto eu via eles conversando, abri a mochila dele, peguei mais um cigarro e acendi. ele viu e veio correndo tirá-lo da minha mão.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">meu pai acabou me convencendo a ir pra casa. no caminho, aquele clima pesado. eu achando que estava certo, que eu devia mesmo era tocar o foda-se, e meu pai provavelmente se perguntando o que ele fez de errado pra eu estar assim. a culpa não é dele. acho que hoje ele sabe. eu queria uma independência que eu não poderia ter. eu não trabalhava, não me virava sozinho. o dinheiro do meu trago vinha todo do bolso dele. mas você não enxerga isso nessa idade.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">contei pra ele toda a história de não ter sentimentos, de como eu só conseguia me sentir vivo se eu estivesse bêbado ou fumando um cigarro. ele se espantou. logo estavam os dois chorando. eu por perceber a cagada toda que era aquilo e ele por ouvir o próprio filho dizendo isso. o pior era que eu não queria ceder. continuava a filosofar coisas de total desapego.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">- deixa isso pra lá, zé. daqui a uns anos, quando eu estiver todo fodido por causa disso, tu vai poder olhar pra mim e dizer "eu te avisei" e o gosto de estar certo vai ser muito bom.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">mostrei um música que escrevi que dizia ser sobre os meus pais. ele ficou chocado. tentei dizer que não era assim tão ruim quanto parecia, mas era. eu achava que era, pelo menos. os dois estavam cansados e foram dormir. não sei que horas eram, não sei por quanto tempo. mas a manhã seguinte foi chega de ressaca física e moral. me dar conta que perdi os óculos também foi chato. a gente tentou conversar melhor, comigo sóbrio, dessa vez, mas ficou uma coisa meio só ele falando e eu concordando. eu tinha noção do erro. mas dizia pra mim mesmo que erros a gente sempre faz e não tem porque se achar tão um bosta por isso.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">fiquei de castigo, de fato. sendo aquilo pra satisfazer algum ego ou não. demorei pra recuperar a confiança do meu pai. mas o mais engraçado foi eu ter conhecido a pessoa responsável por em fazer desistir da ideia de não ter sentimentos e de ser um problema exatamente no dia seguinte a esse episódio todo. uma lição bem evidente disso é: se você levar um tapa, primeiro pare e pense se você não o mereceu. depois pense no que fazer quanto a isso.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-3260638869869747252011-09-19T00:15:00.000-03:002011-09-19T00:17:34.601-03:00o cão<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span><i>por guilherme bernardes</i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>puta que pariu!, eu pensei. já passavam de duas e meia da manhã e aquele cão infernal não parava de latir. eu me virei diversas vezes na cama, tentando achar um ângulo em que o barulho não chegasse aos meus ouvidos ou, pelo menos, viesse com menor intensidade. não teve jeito. eu estava condenado.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>a pior parte é que o som do animal era fraco no começo, e pensei, logicamente, que logo cessaria. aconteceu justo o contrário. na medida que o tempo ia passando, os latidos ficavam ainda mais fortes e chegavam fácil ao meu quarto e ecoavam através dele e entravam na minha cabeça pra ecoar ainda mais. incomodavam mais que um mosquito insistente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>era impossível pegar num sono. me levantei e fui beber alguma coisa. eu tinha água. e eu tinha vodka. pensei em misturar, mas acabei decidindo beber a água. ou assim eu penso. talvez eu tenha tentado fazer um pequeno jogo com meu cérebro e tomar a vodka com a ideia fixa de que era água e ver se surtia o mesmo efeito. acho que ainda não saí do jogo realmente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>voltei pra cama e o cachorro tinha parado. agradeci ao vento, ou talvez ao próprio cão. só sei que estava realmente grato. tirei minha roupa e me deitei outra vez. fazia muito frio naquela noite, mas eu já estava tão habituado a dormir pelado que acho que nem conseguiria me sentir confortável com qualquer tipo de roupa na cama. foi como um plano maligno. no instante em que me apoiei no travesseiro, começou tudo outra vez. era o fim.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>me pus de pé mais uma vez. eu quis realmente levantar e matar aquele desgraçado. me controlei quase indo buscar a pá. mas já que estava lá fora, fui dar uma volta. sempre tem um lugar aberto. se não tivesse, um tempo longe daquele bicho me faria bem de qualquer forma.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>cheguei a ligar o carro, mas antes que engatasse a ré mudei de ideia. saí a pé. as ruas estavam desertas. eu não tinha medo. acho que quem me visse na rua teria mais medo. é bem fácil me tomar por algum bandido. um mendigo ou um bêbado. quem sabe até um mendigo bêbado. alguns minutos depois, vi o primeiro sinal de movimento. era uma luz vermelha no fim do quarteirão. fui ver o que era.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>no caminho passei perto de uma janela e ouvir com clareza um casal adolescente fazendo sexo. ela dizia: "oh! calma, meu pai pode acordar...oh! continua assim!" e ele respondia "relaxa...não vou acordar seu velho..." e logo em seguida ouvi uma porta se escancarando e um grito de menina assustada. continuei andando ao invés de ficar pra ver que fim teve.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>nas outras casas que passei no caminho não detectei nada de interessante. cheguei até a luz vermelha. um homem alto e forte fazia o papel de segurança. ele olhou bem pra mim e me deixou ir. o lugar era um puteiro dos mais imundos. havia uma garota de uns treze anos no balcão, usando só uma calcinha minúscula. outra num palco, totalmente nua, se masturbando pra dois carecas embriagados. algumas mais sentar com outros homens em cadeiras de plástico cheias de pó. decidi ir pro bar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- você não é um pouco nova pra esse tipo de lugar? - indaguei para a menina do balcão.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- todo mundo diz isso. - ela respondeu - o que vai querer?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- uma dose do seu uísque mais vagabundo.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- só temos um tipo de uísque aqui, meu bem...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>o modo como ela preparou meu drink era hipnotizante. era de uma naturalidade que encantava qualquer pessoa com um mínimo de senso sobre o que é arte. ela encheu o copo e me passou com uma piscadela. ainda atordoado de encantamento, peguei o copo e lhe passei uma nota. ela sorriu e foi atender outro freguês.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>eu não sabia se apesar do horário o lugar estava cheio ou se era essa hora que os vagabundos vinham. poderia também ser uma noite de movimento fraco. eu nunca tinha estado ali. enquanto tomava minha bebida decidi olhar pra trás e encontrei um motivo pra voltar mais vezes. seu corpo era escultural. barriga lisinha, pernas bem torneadas, uma bunda boa e peitos de tamanho médio. bem como eu gosto. sua boca era grande, assim como os olhos. o nariz pequeno e levemente arrebitado dava o toque final em seu rosto coberto por um lindo cabelo escuro na altura dos ombros. mas seu maior charme, sem dúvida, estava na cicatriz que ela tinha na coxa esquerda. era tentador demais. ela estava lá sozinha. me aproximei.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- gostei de você. - eu disse, sem pudor.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- muita gente gosta. - ela retrucou de imediato - pelo menos no começo...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>adoro quando uma mulher sabe responder rápido. é racional, é excitante. tive vontade de lhe dar um sorriso. mas não o fiz. e acho que ela esperava que eu o fizesse.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- me siga. - ela disse pegando minha mão e me levando porta a dentro para um corredor. chegando na última porta, ela abriu e me mandou entrar, me sentar e tomar um pouco da bebida dela se eu quisesse. tomei, mas fiquei de pé. ela começou a me encarar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- o que o um tipo como você faz por aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- que quer dizer? - respondi.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- você não é como os outros. você é diferente.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- eu acho que não.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- eu sei dizer quando vejo um tipo como você e quando é um como os outros que ficaram lá fora. mas a pergunta foi, o que você faz aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- eu não estava conseguindo dormir.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- seu jeito me agrada. você fala pouco.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>não respondi.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- por que não conseguia dormir? - ela insistiu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- um cachorro idiota não parava de latir.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- entendo...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>fiquei intrigado por ela dizer que sou um tipo diferente. é um adjetivo neutro demais. não posso ter certeza se é um elogio ou um xingamento. algo me dizia que era um elogio, mas ela tinha pouco articulação vocal. sua tonalidade de voz era sempre a mesma. se ela estivesse sendo sarcástica, eu nunca notaria. olhando pra ela, eu me sentia à vontade. o cachorro era a última coisa em minha mente. pensei que ela também não era comum.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- tu também não me parece do tipo das outras garotas daqui. - falei.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- o que te faz pensar assim? - questionou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- me parece mais fria. não precisas ficar sorrindo pra seduzir homem algum. tudo que faz é ficar parada.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>ela sorriu. uma sensação de vitória correu por todo o meu corpo. eu a fiz sorrir, não o contrário. então eu ganhei. eu fui o mais forte. ela estava, agora, nas minhas mãos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- deita. - ela mandou. deitei.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>caí em cima de seu corpo seminu e apalpei sua pele. era incrível que uma puta tivesse um corpo tão bem cuidado como o dela. até quando passei a mão por sua cicatriz notei que era perfeita. ela era rápida. eu apertava seu seio ao mesmo tempo em que ela abria meu cinto. quando vi, já estava sem calças. no momento seguinte, sua boca estava no meu pau. ela era uma profissional. mas eu podia sentir algo mais. era real. era intenso. ela me queria e estava tendo. isso é que era excitante pra ela.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>arranquei-lhe a calcinha e fui tocá-la com o dedo. foi a buceta mais molhada que eu já havia tocado na vida. mexi em seu clitóris e a ouvi gemer. então comecei a usar as duas mãos. usava uma pra massageá-la e com a outra eu enfiava dois dedos dentro dela. ela pedia mais. eu dava. até que puxou minhas mãos, depois virou-me a cabeça, forçando-me a olhar fundo em seus olhos e proferiu um sedutor "me come, agora!"<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>era o que eu mais queria. botei ela de quatro , admirei um pouco a beleza daquela bunda e enfiei meu pau o mais fundo que eu podia. com força, com vontade. ela gritava. eu continuava quieto, mas achando ótimo. no meio do vai-e-vem, notei que ela tinha uma tatuagem atrás do pescoço. achei bonito. continuei metendo até que falei que ia gozar. na hora ela saiu da posição que estava e berrou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- goza na minha boca!<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>ela agarrou meu pau com força e o pôs na boca mais uma vez. em segundos, sua boca era puro sêmen. tanto que lhe escorria pelos lábios a fora. ela estava adorando.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>ela se levantou, disse que ia se limpar e já voltava. deitei na cama e fiquei esperando ela voltar. quando ela voltou, a surpresa:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- o que você ainda faz aqui?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- estava te esperando. - respondi.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- pra quê? apenas deixe seu dinheiro e vá embora.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>eu realmente estava confuso. havíamos transado como amantes há poucos minutos, e agora eu era um qualquer.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- mas e o que aconteceu com eu ser diferente dos outros?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- você é, querido. e é ingênuo, também. gostei bastante. mas agora eu preciso trabalhar.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>procurei algum dinheiro no bolso da calça. lhe dei tudo que eu tinha. ela agradeceu e disse "até a próxima..."<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>na passagem pelo balcão, a menininha falou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- já vai garotão? fique mais um pouco.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>a ignorei e segui andando. passei o mesmo segurança e segui meu caminho.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span>chegando em casa, me servi de outra dose de água e fui me deitar. e como que por mágica, ao terminar de cobrir meus ombros, aquele cachorro filho da puta voltou a latir. mas agora eu estava muito cansado e acabei dormindo mesmo assim.</span></p>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-79257181106258928112011-09-02T02:27:00.000-03:002011-09-02T02:28:24.920-03:00patrícia<p class="MsoNormal" style="text-align: right;"><span><i>por guilherme bernardes</i></span></p><p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>estava tudo combinado pra ser normal. eu sabia do fim que ia ter, mas mesmo assim doeu. mesmo. foi parecido com aquela outra vez, em que, na hora, foi quase insuportável, mas depois estava tudo bem. chorei. me viram chorar. me senti mal, fraco. porém eu precisava disso. era libertador. fui pro bar com a intenção de encher a cara, de esquecer, me divertir e livrar a cabeça de qualquer preocupação.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>as cervejas vão vindo, os desabafos vão surgindo. plínio me ouvia. me entendia e dividia comigo também. grande cara. fomos juntos na área de fumantes do bar e vieram falar conosco:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- vocês fazem cinema na fap? - uma garota bonita.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- não. eu faço história. - respondi.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- eu, faço. - disse plínio.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>o papo continuou, a garota bonita era gaúcha, fazia dança e trouxe com ela uma amiga pernambucana. era estranho ser a única pessoa de curitiba naquela coversa. conversas não muito sérias. fazia certo frio e nos convidaram pra entrar e pra que nos juntássemos a mesa. quando os shows começaram fomos assistir.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>fui ao banheiro e havia uma fila. uma garota. me sentei ao seu lado e tentei coversar. outras amigas dela foram chegando querendo também usar o banheiro e cedia-lhes a vez para continuar lá conversando. plínio comentou:<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- cheio de mina falando com a gente...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- pois é, cara...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>fiquei lá fora novamente durante a maior parte da segunda banda. e lá conversei com ela pela primeira vez. era pequena, de cabelos pretos e curtos. um ar meio cult, acho que ressaltado pelos óculos grandes. combinavam bem com seu rosto. os assuntos me são incertos, mas em tal momento quis lhe dar um beijo. tentei e não consegui. ela se desviou e tentei disfarçar dizendo qualquer coisa ao seu ouvido. continuamos na conversa e quando a terceira banda foi começar, <i>locomotiva espectral</i>, ela me pegou pela mão e me levou à frente do palco.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>sabíamos os dois as letras de cor e cantamos juntos. até que tentei lhe beijar de novo e dessa vez consegui. foi bom. estávamos consideravelmente alcoolizados, os dois, e entre um verso e outro nos beijávamos. até que me bateu uma dúvida. qual era o nome dela, mesmo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>não seria idiota de perguntar. continuei agindo normalmente. até que o show terminasse. e então fomos novamente para a área de fumantes. fiz o plínio perguntar pra mim, pra não ficar feio. era patrícia. mas depois tomei conta de que talvez <i>ela</i> não soubesse o <i>meu</i> nome.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- você sabe o meu nome?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- ...não... - respondeu.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- hahaha! pois é...<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- começa com eme, né?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- sim, começa com eme. - menti com um sorriso.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- ah...matheus? maurício? marco?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- hahaha! tá bom. não começa com eme. é com gê.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- ah! fica me zuando. é gustavo?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- não, é gê de giovanni - chega o plínio rindo e acabando com minha brincadeira de adivinhação.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>propus que fôssemos embora pra casa do plínio. ele tinha cigarros com ele e mais cerveja em sua casa. a distância é de uns dois kilômetros feitos às cinco da manhã. o bairro é bem tranquilo e chegamos a salvo depois de uma meia hora caminhando. patrícia veio falando ao celular boa parte do caminho com um amigo. ela estava praticamente berrando. me incomodou um pouco.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>subimos no apartamento do plínio e ofereci uma cerveja para patrícia. ela pediu apenas um copo d'água e depois foi ao banheiro. aproveitei o momento de privacidade para pedir ao plínio que dormisse na sala para eu dormir na cama dele com ela. ele concordou. grande cara. perguntei se ele tinha preservativos e ele me mostrou aonde ele os guardava. quando ela saiu do banheiro, fui escovar os dentes, dei boa noite ao plínio e tranquei a porta conosco lá dentro, enquanto as frestas da janela começavam a mostrar os primeiros raios de sol de um sábado que acabou sendo escaldante.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>ela pediu que primeiro apenas me deitasse ao seu lado. queria conversar.me beijou com volúpia e começamos a trocar carícias. quando começamos a transar, me chamou a atenção que ela pedia para pararmos depois de certo tempo. perguntei porque, ela disse que era para que sentíssemos falta.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- com quantas pessoas você já fez sexo? - ela perguntou numa dessas pausas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- duas. você e minha ex.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- quase um virgem, então. - disse com certa surpresa.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- acho que não, porque a namorei por dois anos e meio. e você, com quantas?<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- não contei.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>passamos boa parte do começo da manhã conversando. nos conhecendo melhor. dividi muito com ela. acho que me mostrei vulnerável. quem sabe egocêntrico. mas ouvi bastante, também. estava à vontade com sua cabeça apoiada em meu peito e suas pernas entrelaçadas as minhas. mas sempre que o silêncio se estendia por algum tempo extra, nos tocávamos outra vez. acho que fomos dormir passado das sete e meia.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>ela achou que era mais velho do que realmente sou. disse que deveria ser por causa da barba. ela era três anos mais velha que eu. quando acordei eram dez horas. precisava pegar um ônibus à uma e meia na rodoviária. tentei acordá-la delicadamente com beijos. mas acabamos nos esfregando por debaixo das cobertas. gostei do modo como ela falou que eu poderia ficar o dia inteiro dando leves mordidas em suas costas.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- precisava de um banho. - ela comentou.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>- eu também. meu cabelo só se arruma com água. vou perguntar pro plínio aonde tem uma toalha.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify;mso-layout-grid-align:none; text-autospace:none"><span>ele tinha perdido a aula porque dormiu demais. me senti mal. ele queria ir. ele não queria nem ir no bar e foi por minha causa. grande cara. peguei a toalha e entramos eu e a pati no banheiro. quando o plínio bateu na porta, achamos que ele estava nos apressando. depois de desligar o chuveiro o ouvimos falar que tinha uma outra toalha pra nos oferecer. tínhamos pego apenas uma para dividirmos.<o:p></o:p></span></p> <p class="MsoNormal" style="text-align:justify"><span>nos secamos, pusemos nossas roupas, agradecemos ao plínio imensamente e fomos pegar nossos ônibus. cada um iria para um lado. comprei uma água com gás, ela uma coca. eu estava de ressaca. sempre fico. meu ônibus chegou primeiro. pedi que ela me ligasse quando quisesse e ela disse que o mesmo valia para mim. embarquei rumo ao centro para almoçar.</span></p>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-74819203546631476722011-08-30T13:06:00.002-03:002011-08-30T13:09:54.440-03:00os pedidos<p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">já fui pedido em namoro três vezes pela mesma garota. a primeira vez foi normal. era dia das mães e já estávamos ficando há três meses. foi a hora certa. e seguiram-se nove meses bem proveitosos. então ela começou uma faculdade nova. ela conheceu gente diferente. no verão eu havia me declarado, me aberto, me entregado àquele relacionamento. disse que a amava. pelo jeito isso ficou chato. ela parou de dizer isso pra mim. parou de me ligar com tanta frequência. e numa sexta-feira ela me ligou dizendo que não estava funcionando mais e deveríamos terminar.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">no sábado ela liga pra saber como eu estou. estava bem. mesmo. me surpreendi como me recuperei logo. acho que ela não achou muito normal. mas achou bom. queríamos continuar amigos. no domingo ela me liga. chorando.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- eu não sei mais o que eu quero da minha vida!</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- o que foi? calma, me diga devagar.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- ah, eu não sei! tô confusa!</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- você quer voltar?</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- acho que não. </p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- então?</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- não sei.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- você quer voltar a ter um relacionamento aberto, isso?</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- ah, seria bom.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">- ok. você que sabe.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">desliguei e me senti bem. me senti desejado, parte da vida de alguém que tinha importância. depois de uma semana de um novo relacionamento aberto fui visitá-la em curitiba. quando fui pra casa dela transamos como se ainda fôssemos namorados. nos meus braços e com emoção nos olhos ela me pediu em namoro pela segunda vez.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">agora estávamos mais ligados. dessa vez passaram-se treze meses. faltava pouco pra completarmos dois anos de namoro ao todo. criamos dúvidas comuns se deveríamos continuar namorando. aparentemente, não evoluiríamos como um casal mais do que isso. as brigas não eram frequentes e nem muito sérias. a questão era mesmo mais filosófica. vale a pena ficar num relacionamento que não tem como ir mais pra frente? porém nós nos gostávamos muito ainda. vale a pena deixar de ficar com alguém que você gosta muito só porque não pode ficar mais sério que isso? era uma faca de dois gumes. um dilema.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">a gente já tinha conversado sobre isso uma semana antes de acontecer mesmo. eu tomei essa semana pra me acostumar com a ideia do fim. consegui. vi que se fosse pra acabar, pelo menos que fosse assim. continuaríamos amigos. na minha casa, pela manhã, ela não conseguia dizer as palavras. começou a chorar, mas eu entendia o que ela queria dizer.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">enquanto ela chorava eu sentia uma vontade de agarrá-la. estávamos abraçados mais não queria beijá-la e estragar tudo, dar a impressão que não aceitava a sua decisão. não resisti. pulei em cima dela e dei-lhe um beijo forte. ela retribuiu. logo já estávamos um tirando a roupa do outro. foi uma das melhores transas da minha vida. ela disse que da dela também. um belo jeito de, mais uma vez, de certa forma, conquistá-la, pois ela me pediu em namoro novamente.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">apesar de os pedidos não terem sido feitos por mim, isso não me torna um cara fodão. eu tenho é medo. muito. não queria me entregar fácil. às vezes acho que deveria. às vezes queria saber o gosto de um relacionamento destrutivo. aqueles que as brigas são constantes mas que o amor é mais forte e sempre se acaba voltando um pro outro. por real necessidade. eu tenho é medo de me mostrar assim vulnerável e ir eu atrás dela depois que ela terminasse comigo. falta de dieta adequada.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">acabou que foi exatamente o que aconteceu. ao fim, achei que poderia suportar, mas não pude. eu deveria ser mais forte. eu tento parecer que sou, mas não consigo. até isso é mais forte que eu. desde que deixei de ser aquele cara, pensei que não haveria mais problemas em aceitar que meus sentimentos existem e que não é uma fraqueza que as pessoas saibam que eu os estou sentindo. talvez porque eu goste de saber o que as pessoas sentem. mas, geralmente, não interessa ao outros como eu me sinto.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify;text-justify:inter-ideograph">não é querer se fazer de coitado. não é um pedido desesperado de ajuda. é um desabafo. algumas pessoas simplesmente não tem a capacidade emocional de cura, enquanto outras o tem em demasia. algumas sofrem por meses, anos, vendo outras terem um ou dois dias de sofrimento. ou nem isso. só queria isso me fosse útil de alguma forma, porque só me traz problemas.</p><p></p>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-81983344367440280252011-08-27T12:59:00.003-03:002011-08-27T13:01:54.892-03:00saudades<div style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></div><div>
<br /></div>é engraçado que<div>quando tenho certeza</div><div>que não te verei no dia seguinte</div><div>é quando mais sinto sua falta.</div><div>da sua boca vermelha,</div><div>dos seus olhos castanhos,</div><div>de seus cabelos loiros,</div><div>da sua pele branca,</div><div>tocando em mim,</div><div>me mordendo,</div><div>lambendo,</div><div>despindo,</div><div>abraçando,</div><div>e acolhendo-me dentro de ti.</div><div>é uma pena que eu terei de esperar</div><div>que você volte,</div><div>pra que eu possa,</div><div>novamente,</div><div>satisfazer-nos</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-18679902727133930882011-08-25T00:05:00.006-03:002011-08-25T00:14:10.471-03:00o motivo<div style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></div><div>
<br /></div><div>quando bebo fico</div><div>necessitado de</div><div>toque.</div><div>
<br /></div><div>um abraço um beijo ficar de mãos dadas</div><div>
<br /></div><div>não sou um solitário.</div><div>até gostaria</div><div>de ser. beber sozinho e</div><div>olhar o movimento da rua</div><div>e ficar tudo bem.</div><div>mas não.</div><div>
<br /></div><div>preciso de alguém.</div><div>principalmente quando bebo.</div><div>
<br /></div><div>ironicamente,</div><div>esse costuma ser o</div><div>motivo</div><div>para muitas pessoas se</div><div>afastarem de</div><div>
<br /></div><div>mim.</div>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-67718405108223351172011-08-11T22:49:00.002-03:002011-08-11T22:58:16.958-03:00samanta<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></p><p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">eu tinha quinze anos e uma moral duvidosa. eu estava com raiva do mundo. com a falta de amor que existe nele. pregava por aí que eu não tinha sentimentos. algumas pessoas acreditavam, outras sabiam que era tudo uma máscara de alguém que tinha levado um pé na bunda um tempo atrás e não queria levar outro. eu tinha medo. mas eu também achava que admitir medo, ou até mesmo um erro, era só uma demonstração de fraqueza. não achava isso nada nobre.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">me falaram que a samanta estava a fim de mim. não sabia o que ela poderia ter visto em mim. eu já tinha desistido da gabi, mas não me atraia muito pela samanta. ela era diferente de mim. era bem feminina. gostava de coisas bonitinhas e usava outras cores que não preto e branco. praticamente não dei bola.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">um dia fomos ver uma nova esperança na casa dela. ela tinha cortado o cabelo. cabelos curtos sempre me atraíram bastante. fui perguntar se ela ainda estava na minha.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- e aí? acha que ainda consigo alguma coisa?</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- ih, agora é meio tarde. ela disse que não quer mais.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">isso foi o estopim para eu ficar definitivamente com vontade de ficar com ela. eu não queria ser o objeto de desejo de ninguém. eu queria transformar todo mundo em meus objetos. eu não ligava nada pra vontade dela, só pra minha. tinha que ser quando eu queria. eu dava as ordens. eu era o desalmado que dizia que o sol nascia no meu umbigo e se punha no meu saco.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">pedi pra avisarem ela que agora eu estava a fim e que se ela ainda tivesse pelo menos algum resquício de vontade que se manifestasse logo. depois eu fui descobrir que foi tudo uma armação. ela nunca tinha ficado na minha antes. era tudo um esquema pra eu ficar com ela. geralmente se a garota dá bola o cara não dispensa. mas esse não era eu naquela época. ela era nova na coisa. era alguns dias mais velha que eu, mas bem menos experiente. ela não quis perder a chance e me procurou.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">começamos a nos falar pela internet. até que tínhamos algumas coisas em comum. bem poucas. achava ela muito normal. eu gostava de me achar inteligente. eu era um merda exibido naqueles dias. hoje em dia, eu teria nojo de encontrar alguém que agisse como eu agia. eu a avisei de tudo. que eu não era um cara legal, que não ligava pra emoções e tudo aquilo, pra ela saber onde tava se metendo. pareceu não ligar. combinamos de nos encontrar e darmos uma volta.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">passeamos pelo bairro e acabamos indo no recém feito calçadão da praia. sentados atrás do shopping, esperei o primeiro silêncio com mais de cinco segundos e a beijei. senti sua surpresa. estava meio relutante, mas logo deixou fluir. foi um longo beijo. mas não foi muito bom. pensei em lhe ensinar algumas coisas mais tarde.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">fiquei alguns dias sem falar com ela depois disso. até que numa sexta saiu o pessoal todo de novo. era uma época que todos eram menores de idade e ninguém tinha dinheiro pra ir pra outra cidade ver um show ou qualquer coisa. a gente comprava uns vinhos baratos, umas cervejas, às vezes um conhaque ou uma cachaça, e bebia na rua mesmo. na praia era mais tranquilo. ela estava junto, mas eu não dei muita importância. até que a gabi chegou, com raiva nos olhos:</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- você poderia ser um pouco menos indiferente, né, giovanni?!</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">senti o ultimato. a garota estava logo atrás, meio sem graça de ter sido preciso isso pra me fazer falar direito com ela, mas feliz de que eu fosse lá e segurasse sua mão. fizemos a volta pela praia em direção à casinha. era uma casa que só era habitada no verão. ainda faltava um ou dois meses. tinha uma varanda ótima, com uns arbustos que não deixava quem passasse na rua nos ver. mas nessa noite tinha gente demais pra isso. e a gente não tava nem aí. não estar nem aí era uma coisa que a gente fazia muito bem.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">eu gostava de fumar naquela época, mas não quis fumar por causa da samanta. insisti e ela disse que tudo bem eu fumar um cigarro. mas depois pediu pra eu tomar uns bons goles de vinho pra tirar aquele gosto de fumaça da boca. não me importei com isso. quis ter um pouco de privacidade com ela e fui pra parte dos fundos da casa. era onde a gente mijava na parede, lavava a mão no tanque, tinha umas conversas sérias sobre a banda ou sobre nosso futuro. mas fui lá pra dar uns amassos. não tinha cheiro ruim. o lugar era bem aberto e existia alguém que limpava aquilo. nunca soubemos direito quem.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">começamos a nos beijar e foi esquentando. tentei agarrar sua bunda. ela tirou minha mão de lá. tentei de novo e ela sempre não deixando. parei de beijá-la e lhe disse:</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- olha, você sabe que eu não gosto muito dessas coisas sentimentais, né? sabe que eu não vou me apaixonar por você nem nada do tipo. pra isso funcionar, eu preciso de um estímulo físico. e pegar na sua bunda é um. se não der pra fazer isso, acho que não vai rolar.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">que filho da puta.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- ah, tudo bem então. mas vai ter que dar uma volta na casa.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">achei um preço justo e estúpido ao mesmo tempo. eu já estava meio alterado e não dei bola. fiz a volta caminhando e a encontrei me esperando nos fundos de novo. agora estava definitivamente bem melhor de ficar com ela.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">eu ficava dias sem falar com ela e mandava uma mensagem ou fazia uma ligação rápida quando queria alguém pra passar um tempo. ela sempre vinha. eu a tinha na palma da minha mão. ela foi deixando eu me aproveitar mais. conseguia pegar nos seus peitos sem ela reclamar. mas ela dizia que preferia que eu pegasse na bunda. mas ela não soube separar as coisas como eu. ela começou a se apegar e tentou uma manobra arriscada.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">eu percebi que ela estava se apegando e decidi que ia dar um fim naquilo antes que ela se machucasse mais. por mais que não tenha me apaixonado, não dá pra negar que eu ligava um pouco pra ela. a estratégia dela foi me chamar pra conversar.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- acho que desse jeito não vai dar. eu sabia que você era difícil, mas parece que eu sou um objeto pra você. talvez seja melhor a gente não continuar mais juntos.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">ela achava que a gente estava junto. até lembrou no dia que fez um mês do nosso primeiro beijo. ela também estava meio chateada por eu ter dado um beijo em outra garota numa festa que ela não foi. acho que ela não tinha razão em ficar. de qualquer forma, o que ela queria que eu fizesse era dizer que eu ia mudar. que eu ia parar de agir daquela forma e tratá-la melhor. era só isso que ela queria ouvir. em vez:</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">- ah, pois é. eu estava pensando mesmo nisso. acho que seria melhor a gente não continuar mais nisso. - entrei no jogo dela pra não ficar tão chato.</p> <p class="MsoNoSpacing" style="text-align:justify">ela ficou surpresa. seguiu seu caminho e eu segui o meu.</p>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-73168158351672503322011-08-09T21:44:00.004-03:002011-08-09T21:55:43.388-03:00a hora<div style="text-align: right;"><span style="font-style: italic;">por guilherme bernardes</span>
<br /></div>
<br />ver escapar nos dedos
<br />toda lembrança,
<br />como se ignorar
<br />
<br />fosse fácil.
<br />
<br />noites escuras em claro,
<br />pensativo na
<br />vida e
<br />
<br />assistindo woody allen
<br />e se identificando
<br />com quase tudo
<br />e rindo
<br />
<br />por ser
<br />transformado em
<br />mero acontecimento
<br />que teve
<br />
<br />sua importância, mas
<br />é hora de seguir...
<br />
<br />espero apenas
<br />
<br />estar no
<br />caminho
<br />certoguihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8888206982945471128.post-51130877275629291402011-07-27T11:07:00.001-03:002011-07-27T11:09:28.105-03:00o risco<p class="MsoNoSpacing" style="text-align: right;"><i>por guilherme bernardes</i></p><p class="MsoNoSpacing">- tu sabe que eu gosto muito de ti, né?</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- uhum.</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- mas eu ando muito confuso.</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- ...</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- acho que seria melhor a gente dar um tempo. pra ver se é isso mesmo.</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- ah...tá.</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- não se irrite...nem se chateie.</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- me chatear não tem como evitar...</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- hm...mas se eu ver que sinto demais sua falta e pedir pra voltar, você volta?</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- volto.</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- mas e se você não quiser mais?</p> <p class="MsoNoSpacing"><o:p> </o:p></p> <p class="MsoNoSpacing">- isso é um risco que se corre todo dia.</p>guihttp://www.blogger.com/profile/13337255864523433126noreply@blogger.com1