quarta-feira, 27 de outubro de 2010

o dançarino

por guilherme bernardes

isolado.
rodeado de gente
mas sozinho.

gente que ele gosta
ou que são são legais com ele
mas não importa.
não é um bom dia
e isso é tudo.

música triste e alta
berrando-lhe aos ouvidos
angústias alheias
- transformadas tanto
em arte
quanto em cifrões -
animadoras
para mascarar a própria
solidão.

ele dança.

mexe seu corpo de formas entranhas
chama a atenção mas
é incompreendido.

no fundo, a certeza
de mais um dia desperdiçado
até que ele possa dizer
que vive do próprio sofrimento
ou que ele se foi
e agora sorri.

o resultado

por guilherme bernardes

não me esforço em meus discursos
mas não chega
a ser relaxo
é que os dedos,
ao verem a máquina,
se descontrolam, eu acho

mesmo assim, ainda insisto
em continuar
tudo o que faço
e ciente que o destino
reservou a mim
todo o fracasso

sábado, 2 de outubro de 2010

o turista

por guilherme bernardes

o dia está cinza
do jeito que eu gosto
minha cabeça ainda dói
não cumpri meus deveres
preciso dormir
preciso beber
preciso sair dessa aula
e fazer algo que valha a pena
está no meu limite
meu instindo hedonista não quer
mais ser ignorado
quer ser explorado
assim como eu quero explorá-lo
extrair do mundo uma razão,
um sentido
porque os meus estão ultrapassados
da onde veio essa
súbta vontade de renovação?
sou um turista na minha
terra natal
e tive minhas companhias mudadas
sou interrompido pelo sistema repressor
sou ignorado pelos alienados
sou ouvido por alguns
mas quem eu quero que me ouça
que note a sabedoria que
ponho no papel
está bem a frente de mim
e prefere ficar com seus fones de ouvido

o dia

por guilherme bernardes

hoje foi um dia de tentativas:

tentei ler
tentei assistir aula
tentei sorrir
tentei fingir
tentei falar francês
tentei curar minha dor de cabeça
tentei ouvir música
tentei escrever um bom poema
tentei dormir

não consegui nada.
acho que o tentado fui eu.