por guilherme bernardes
aquele era o dia. dali a algumas horas tudo estaria acabado. precisava escolher um vestido atraente e me maquiar bem. olhei o movimento da rua. vi o santa cândida passar e, por coincidência, vi ele atravessando a rua. tudo tinha que dar certo, afinal, foram semanas planejando, me fingindo passar por uma qualquer. mas me confortava saber que tudo teria seu fim muito em breve.
o relógio marcava sete horas. era terça-feira, mas sempre há algo rolando nos bares por aqui. sabia da rotina desse cara. ele era, na verdade, bem previsível. a cerveja era barata no chinasky e tinha blues no blues velvet. ele sempre ia. decidi segui-lo e ver se ele notava alguma coisa. como esperado, ele já estava lá. e sozinho. bebeu quatro ou cinco garrafas e foi pagar a conta. agora já eram onze horas.
no outro bar, ele sentou no sofá e ficou lá pensando. três pessoas apareceram e o cumprimentaram. ele já estava bem alterado. foi até o balcão e pegou sua primeira double vodka da noite. ele realmente sentia o blues. aquela música estava mexendo emocionalmente com ele. era visível tanto quanto a indiferença dele de que os outros percebessem isso. quando ele voltou ao sofá, achei que fosse a hora mais apropriada de tentar uma aproximação.
– oi!
– ah?... ah! oi... – respondeu ele desorientado.
– posso sentar com você?
– claro.
ele não estava interessado em mim. algo muito sério rondava a sua mente. todo o tempo em que passei o espionando ele se demonstrou um homem muito longe do lugar onde ele estava. mas não pude chegar à conclusão nenhuma sobre o que se tratava. mas o que ele fez é imperdoável e ele vai pagar.
– você é daqui? – continuei eu, com um sorriso no rosto.
– aham – sua indiferença estava começando a me irritar. mas me mantive concentrada.
– bacana... eu vim de santa catarina.
– morei muito tempo por lá...
eu, claro, já sabia disso. comecei a falar sobre cinema com ele. ele logo se empolgou e, pela primeira vez, o vi realmente focado no que fazia. ele falava com paixão do assunto. entusiasmado, divagava por todas as interpretações filosóficas de qualquer filme que eu citava, além de admirar as qualidades técnicas deles. fez algumas piadas. eu ri. odiava admitir que um idiota daquele estivesse me divertindo. mas eu estava determinada, mesmo assim.
quando o bar começou a fechar, ele me convidou para ir até seu apartamento tomar um vinho. ligou para um táxi e em cinco minutos estávamos lá. nunca cheguei a tomar vinho nenhum. ainda no corredor, começamos a nos agarrar. e ao abrir a porta de sua quitinete, fui carregada por ele até o colchão que ele tinha no chão. era um lugar bem pequeno. quase me deu pena dele. quase achei que ele já era fudido o suficiente
e que eu deveria perdoá-lo. quase.
fizemos sexo até as seis da manhã. foi bom. acabamos dormindo. era passado das quatro da tarde quando percebi que ele tinha se levantado. fingi que continuava dormindo para ver o que ele faria. simplesmente pôs a mesma roupa da noite anterior, deixou um bilhete ao meu lado e saiu. ele não tinha algo que eu pudesse roubar e sabia disso. me levantei em seguida e fui até a janela e o vi caminhando. estava novamente com a mente distante. me vesti com pressa e desci as escadas.
fui até o mercadorama da mariano torres correndo e peguei a caixa que eu tinha deixado no guarda-volumes. com cuidado, a trouxe de volta para a quitinete dele e a abri. tirei minha arma de dentro dela e a pus na minha bolsa. levei a caixa para o lixo reciclável do prédio. tirei novamente minha roupa. tentei deixá-la como estava na hora que ele saiu e fui para o banheiro.
o ouvi abrindo a porta e gritando “ei!”. retribuí da mesma forma, dei descarga e destranquei a porta. saí nua. pedi que me ajudasse a achar minha calcinha e já iria embora. ele tentou me fazer ficar. continuei agindo normalmente. acendi um cigarro. ele não lembrava meu nome. eu disse que era mônica. ele disse se chamava giovanni. decidi revelar que eu sabia quem ele era. ele se mantém calmo. acendo um cigarro pra ele e me abaixo pra me vestir.
ele pergunta do que mais eu sei. penso em contar tudo que eu sei. tudo que ele fez para que eu o odiasse tanto. mas não o faço. prefiro ser fria e rápida. saco a arma de dentro da bolsa, aponto e atiro. ele cai sangrando no chão e eu o deixo lá. tranco sua porta por fora e levo a chave comigo. deixo a chave cair na calçada e continuo fugindo.
o relógio marcava sete horas. era terça-feira, mas sempre há algo rolando nos bares por aqui. sabia da rotina desse cara. ele era, na verdade, bem previsível. a cerveja era barata no chinasky e tinha blues no blues velvet. ele sempre ia. decidi segui-lo e ver se ele notava alguma coisa. como esperado, ele já estava lá. e sozinho. bebeu quatro ou cinco garrafas e foi pagar a conta. agora já eram onze horas.
no outro bar, ele sentou no sofá e ficou lá pensando. três pessoas apareceram e o cumprimentaram. ele já estava bem alterado. foi até o balcão e pegou sua primeira double vodka da noite. ele realmente sentia o blues. aquela música estava mexendo emocionalmente com ele. era visível tanto quanto a indiferença dele de que os outros percebessem isso. quando ele voltou ao sofá, achei que fosse a hora mais apropriada de tentar uma aproximação.
– oi!
– ah?... ah! oi... – respondeu ele desorientado.
– posso sentar com você?
– claro.
ele não estava interessado em mim. algo muito sério rondava a sua mente. todo o tempo em que passei o espionando ele se demonstrou um homem muito longe do lugar onde ele estava. mas não pude chegar à conclusão nenhuma sobre o que se tratava. mas o que ele fez é imperdoável e ele vai pagar.
– você é daqui? – continuei eu, com um sorriso no rosto.
– aham – sua indiferença estava começando a me irritar. mas me mantive concentrada.
– bacana... eu vim de santa catarina.
– morei muito tempo por lá...
eu, claro, já sabia disso. comecei a falar sobre cinema com ele. ele logo se empolgou e, pela primeira vez, o vi realmente focado no que fazia. ele falava com paixão do assunto. entusiasmado, divagava por todas as interpretações filosóficas de qualquer filme que eu citava, além de admirar as qualidades técnicas deles. fez algumas piadas. eu ri. odiava admitir que um idiota daquele estivesse me divertindo. mas eu estava determinada, mesmo assim.
quando o bar começou a fechar, ele me convidou para ir até seu apartamento tomar um vinho. ligou para um táxi e em cinco minutos estávamos lá. nunca cheguei a tomar vinho nenhum. ainda no corredor, começamos a nos agarrar. e ao abrir a porta de sua quitinete, fui carregada por ele até o colchão que ele tinha no chão. era um lugar bem pequeno. quase me deu pena dele. quase achei que ele já era fudido o suficiente
e que eu deveria perdoá-lo. quase.
fizemos sexo até as seis da manhã. foi bom. acabamos dormindo. era passado das quatro da tarde quando percebi que ele tinha se levantado. fingi que continuava dormindo para ver o que ele faria. simplesmente pôs a mesma roupa da noite anterior, deixou um bilhete ao meu lado e saiu. ele não tinha algo que eu pudesse roubar e sabia disso. me levantei em seguida e fui até a janela e o vi caminhando. estava novamente com a mente distante. me vesti com pressa e desci as escadas.
fui até o mercadorama da mariano torres correndo e peguei a caixa que eu tinha deixado no guarda-volumes. com cuidado, a trouxe de volta para a quitinete dele e a abri. tirei minha arma de dentro dela e a pus na minha bolsa. levei a caixa para o lixo reciclável do prédio. tirei novamente minha roupa. tentei deixá-la como estava na hora que ele saiu e fui para o banheiro.
o ouvi abrindo a porta e gritando “ei!”. retribuí da mesma forma, dei descarga e destranquei a porta. saí nua. pedi que me ajudasse a achar minha calcinha e já iria embora. ele tentou me fazer ficar. continuei agindo normalmente. acendi um cigarro. ele não lembrava meu nome. eu disse que era mônica. ele disse se chamava giovanni. decidi revelar que eu sabia quem ele era. ele se mantém calmo. acendo um cigarro pra ele e me abaixo pra me vestir.
ele pergunta do que mais eu sei. penso em contar tudo que eu sei. tudo que ele fez para que eu o odiasse tanto. mas não o faço. prefiro ser fria e rápida. saco a arma de dentro da bolsa, aponto e atiro. ele cai sangrando no chão e eu o deixo lá. tranco sua porta por fora e levo a chave comigo. deixo a chave cair na calçada e continuo fugindo.
O final você já sabe, ngm percebe o seu sumiço, já que morava sozinho em uma cidade distante dos seus. Só mesmo a imobiliaria quando resolve despeja-lo. Triste fim... Hahahaha
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