quinta-feira, 28 de abril de 2011

a invenção

por guilherme bernardes

– cara, ando sem tempo pra nada.

– isso não é meio obvio?

– como assim, óbvio? tem gente com tempo de sobra.

– eu já acho que o tempo não existe. e você não pode ter algo que não existe.

– o tempo existe, sim. é com ele que medimos...o tempo!

– mas e os outros calendários? eles têm um "tempo" diferente do nosso.

– ótimo exemplo! mesmo que meçamos o tempo de maneiras distintas, ainda o medimos. dentro de todos nós está a crença no tempo.

– você não acha que isso é imposição da sociedade? se quisesse medir o tempo do meu próprio jeito, poderia até morrer de fome. talvez nunca achasse um mercado aberto.

– isso pode ser. mas então você admite que o tempo existe?

– claro que não! é tudo uma invenção!

– que quer dizer com isso?

– ora, claro que as coisas acontecem numa determinada ordem. as flores nascem na primavera, faz frio no inverno. mas isso são apenas formas de organização criadas pelo homem. os animais não tem noção do que é tempo e mesmo assim vivem.

– os animais não trabalham...

– exatamente! o tempo é uma invenção pra nos fazer trabalhar!

– você está esquecendo uma coisa.

– o quê?

– bem, vai ver o tempo é, como diz aquele filme sobre deus, que nem a roda ou o avião.

– não entendi.

– foi o ser humano que inventou, mas isso não quer dizer que ele não existe.

– é. há certo sentido. mas depois penso nisso. tenho que ir que estou atrasado.

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