sexta-feira, 25 de maio de 2012

o oráculo

por guilherme bernardes

tô precisando disso.
de absurdo.
chega dessa coisa normal.
cansei de previsões, de
conselhos, da porcaria do i-ching.

nada disso vai me
dar o que
eu quero.

eu preciso.

quero sentir meu sangue
jorrar. mas não quero que seja dentro
de mim. quero que ele
saia. quero poder ver se
ele é mesmo vermelho.
quero dizer que valeu
a pena deixar
tudo isso rolar.

quero respirar fumaça
quero beber até passar mal
quero me perder no caminho pra casa

vou pegar o ônibus errado
e ir parar na puta
que o pariu e
voltar de lá a pé,
passando nos lugares mais fodas
sem medo de nada.

quem sabe assim as
coisas não saem
um pouco do padrão.

e quero ir sozinho.
chega de ajuda.
deixa eu me fuder, porra!

não é de hoje. eu sei. tu sabe.
é só aceitar.

2 comentários:

  1. Às vezes a única companhia que queremos é a da solidão. E ela sabe, de um jeito que só ela sabe, como nos acompanhar.

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  2. Lembrou-me Sr. Ginsberg, lindo sujo e cheio de emoção empoçada, cheio de lama.

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